A Patinação Artística
A combinação entre esporte e arte encontrou seu grande exemplo na Patinação Artística no gelo. A modalidade, uma das mais antigas da história, é a campeã de audiência nos Jogos Olímpicos de Inverno e atrai grande número de torcedores em todo o mundo.
Estima-se que o ato de patinar no gelo exista há 3 mil anos e a combinação entre patinação e arte tenha surgido no Século 18. Contudo, foi no Século 19 que a Patinação Artística tomou forma graças ao trabalho do norte-americano Jackson Haines, que incorporou elementos da dança e do ballet em suas apresentações.
As primeiras competições surgiram em meados de 1880, e a ISU (União Internacional de Patinação) foi fundada em 1892. Quatro anos depois surgiu o Campeonato Mundial, disputado até hoje. A Patinação Artística também fez parte dos Jogos Olímpicos de Verão em 1908 e 1920 antes de ingressar na primeira edição dos Jogos de Inverno em 1924.
Hoje, a Patinação Artística é disputada em praticamente todos os continentes, incluindo o Brasil. Rússia, Estados Unidos e países europeus, como a Alemanha, são algumas das nações que se destacam no cenário internacional.
O “kit” da Patinação Artística
Basicamente são dois equipamentos principais que um patinador artístico possui. A roupa, parte integrante dos componentes do programa, são feitos sob medida para se ajustarem não só ao corpo, mas também para combinar com toda a coreografia. Já os patins, feitos de couro, possuem uma lâmina de aço com toe pick, que nada mais é do que dentes na ponta para o atleta ter a tração necessária para executar seus saltos. A pista é na mesma medida da utilizada no hóquei, com 60x30 metros, mas sem qualquer marcação. Os atletas precisam utilizar toda a área de gelo para executarem seus programas.
Dicionário da Patinação Artística
Composição: nome dado aos elementos artísticos da apresentação, como música, figurino, coreografia etc.
Dança no Gelo: uma das modalidades da patinação artística, composto por um casal que executa elementos da Dança em suas apresentações. É a modalidade mais artística do esporte.
Free Skate: também conhecido como programa longo, é a segunda apresentação dos atletas e eles têm liberdade para executarem os elementos que desejarem durante suas coreografias.
Saltos: um dos elementos obrigatórios das apresentações. São seis tipos de saltos: salchow, axel, lutz, loop, toe loop e flip.
Short Program: nome da primeira apresentação dos atletas em uma competição, em que eles executam elementos obrigatórios em um período menor de tempo.
O Brasil na Patinação Artística
A prática da Patinação Artística no Brasil remete aos anos 1960, com a criação de pistas de gelo em shopping centers e feiras de eventos. Na década de 80, atletas que treinavam no país criaram diversos campeonatos nacionais para competirem e treinarem.
A filiação internacional só foi obtida em 2006 e, no ano seguinte, o Brasil participou de suas primeiras competições internacionais. De lá para cá, os atletas brasileiros participaram de diversos campeonatos internacionais, Mundiais Júnior e Senior, torneios continentais e, com Isadora Williams, de duas edições dos Jogos Olímpicos de Inverno.
Conquistas do Brasil na Patinação Artística
2007 – Brasil estreia em competições internacionais de pPatinação Artística no gelo, com Stephanie Gardner no Four Continents (26ª) e Simone Pastusiak na Universíade.
2008 - Brasil participa do Mundial Júnior de Patinação Artística com Kevin Alves, 36º, e Elena Rodrigues, 44ª.
2008 – Kevin Alves, 19º, e Stacy Perfetti, 30ª, representam o Brasil no Four Continents.
2009 – Brasil envia três atletas para o Four Continents: Kevin Alves, 16º, Alessia Baldo, 33ª, e Stacy Perfetti, 34ª.
2009 – Pela primeira vez o Brasil participa do Mundial Senior de Patinação Artística: Kevin Alves é o 37º entre os homens e Stacy Perfetti é a 51ª entre as mulheres.
2010 – Ice Brasil participa do Four Continents com quatro atletas: Kevin Alves, 17º no masculino, Elena Rodrigues, 35ª, Alessia Baldo, 36ª, e Simone Pastusiak, 38ª no feminino.
2010 – Após dois anos, Brasil participa do Mundial Júnior. Kevin Alves é o 19º e Isadora Williams é a 41ª.
2010 – No mesmo ano, Kevin Alves é o 27º no Mundial Senior de Patinação Artística.
2012 – Brasil retorna ao Four Continents após dois anos: Luiz Manella fica em 22º e Kevin Alves, em 23º na disputa masculina.
2012 – Luiz Manella e Isadora Williams, ambos na 16ª posição em suas categorias, participam do Mundial Júnior de Patinação Artística.
2012 – Isadora Williams é bronze no Golden Spin de Zagreb, a primeira medalha internacional do Brasil na categoria olímpica da patinação artística.
2013 – No Mundial Júnior, Luiz Manella é o 15º e Isadora Williams é a 26ª.
2013 – Brasil participa do Mundial Senior de Patinação Artística após três anos. Isadora Williams fica na 25ª colocação.
2014 – Isadora Williams é a primeira latino-americana classificada na Patinação Artística olímpica. Atleta terminou na 30ª posição em Sochi.
2015 – Isadora Williams recoloca o Brasil no Four Continents após três anos e termina na 18ª posição.
2015 – Isadora Williams conquista prata no Philadelphia Summer International, nos Estados Unidos.
2015 – CBDG realiza a primeira edição de seu Campeonato Brasileiro no Rio de Janeiro (RJ).
2016 – Brasil estreia na Dança no Gelo com Karolina Calhoun e Logan Leonesio. No ano seguinte, ela faz dupla com Michael Valdez.
2016 – Isadora Williams conquista mais duas medalhas de prata: Sportland Trophy e Santa Claus Cup, ambas na Hungria.
2016 – CBDG realiza a segunda edição de seu Campeonato Brasileiro no Rio de Janeiro (RJ).
2017 – Após quatro anos, Isadora volta a participar do Mundial Senior de Patinação Artística e fica na 30ª colocação.
2017 – Brasil conquista seu primeiro ouro em competições internacionais de Patinação Artística na categoria olímpica com a vitória de Isadora Williams no Sofia Trophy, na Bulgária. No mesmo ano, ela é prata no Volvo Open Cup, na Letônia.
2017 – Na sua terceira edição, Campeonato Brasileiro de Patinação Artística acontece em Gramado (RS).
2018 – Isadora Williams é a primeira latino-americana a avançar ao programa longo feminino nos Jogos Olímpicos de Inverno. Ela termina na 24ª colocação em PyeongChang.
2018 – No Mundial Senior de Patinação Artística, Isadora Williams é a 35ª colocada.
Elementos técnicos específicos e componentes
Camel spin (CSp):
Giro básico de um pé só, onde o torso do patinador e a perna livre ficam perpendiculares, ou seja,
formando a letra T. Existem muitas variações neste spin diversas posições de corpo.
Choreographic sequence (ChSq): Elemento de combinação de passos ou de conexão de movimentos. Estas sequências
têm o mesmo BV e são avaliadas de acordo com o GOE.
Combination spin (CoSp): Uma combinação de spins inclui uma sequência de spins em diferente posições
(upright/layback, camel, sit).
Composition (CO): Onde os juízes avaliam o programa com um todo: uso do espaço, combinação de elementos,
coordenação e sincronia com a música, graça, elegância, originalidade, etc.
Connecting/transitional elements: Uma variedadade de elementos básicos da patinação, que servem como transições e
para preencher espaços e dar mais beleza ao programa. Não pontuam no BV por si só, mas são amplamente usados nos
programas. Elementos comuns são spirals (avião), spreadeagles (meia lua), hydroblades (sonja), cantilevers, split
jumps.
Dance lift: Elemento do ice dance onde o patinador levanta a parceira e a tira do gelo, executando spins e passos. Ao
contrário dos pares, onde a maioria dos levantamentos são acima da cabeça, no ice dance, os levantamentos limitam-se
abaixo da altura da cabeça. Existem quatro tipos de dance lifts: straight-line lift, curve lift, rotational lift, e stationary
lift. Dance lifts são elementos de BV 1-4 de acordo com a dificuldade.
Death spiral (Ds): Elemento exclusivo dos pares, onde o patinador, apoia-se em um toepick como pivot enquanto
segura sua parceira por uma das mãos, e esta gira em torno dele, horizontalmente, paralela ao gelo. Death spirals são
elementos de alto grau de dificuldade e pontuam de 1-4.
Edge jumps: São saltos sem auxílio de toepick, quando o patinador sai do gelo sem auxílio: salchow, loop e axel.
Jump sequence: Um pouco diferente de Jump Combination. Neste caso um passo ou uma transição aparece entre os
saltos. O eixo de finalização do salto, não precisa ser necessariamente o mesmo da entrada do próximo salto. O BV
corresponde a 80% da soma dos saltos na sequência. Esta sequência pode ter 3 saltos. O GOE é baseado numa escala de
valores de saltos.
Layback spin (LSp): Giro de um pé só, onde as costas do patinador, ficam arqueadas para trás ou para a lateral.
Geralmente layback spins incluem braços para trás ou segurando a perna do ar.
Pair lift: Levantamento, elemento exclusivo dos pares, onde o patinador levanta a parceira acima de sua cabeça
enquanto executa spins e outros elementos. Estes levantamentos tem alto valor de pontuação.
Pattern dance: Sequência específica de passos no SD do ice dance. Esse "desenho" varia a cada temporada. Podem ser
Rhumba, Paso Doble, Quickstep, Yankee Polka, Blues, Argentine Tango, waltz, etc.
Performance (PE): Neste caso, os juízes avaliam o programa como um todo, a parte artística, a dança, a sintonia, o
envolvimento, a reação que causa no público e a postura e qualidade dos movimentos entre os parceiros.
Sit spin: Posição de spin onde o patinador se abaixa sobre um pé só e a perna livre, fica paralela ao solo, como se
estivesse sentado. Existem muitas variações e combinações se sit spins
Skating.
Skills (SS): Componente de pontuação do programa onde é avaliado o domínio dos conceitos básicos: eixos,
precisão dos spins e passos, leveza, habilidade, velocidade, variação de direção de movimentos, etc.
Spiral: Elemento conhecido como avião, onde o patinador levanta uma das pernas para trás, acima da altura do quadril.
Este elemento não tem pontuação, mas é amplamente usado em programas, principalmente femininos.
Throw jump: Salto lançado. Elemento exclusivo dos pares, onde o patinador, lança a parceira para um salto. Throw
jumps são os que mais valem pontos em competições de pares. Existem seis tipos.
Toe jumps: Saltos onde o patinador utiliza o topepick de um dos pés para sair do gelo. São eles: toe loop, flip, e o lutz
(falei sobre flip e lutz aqui)
Twist: Conhecido oficialmente como twist lift. Elemento exclusivo dos pares (eu costumo chamar os pares de duplas de
levantamento), onde a parceira é lançada ao ar, e executa rotações antes de ser pega novamente pela cintura, por seu
parceiro, e então é colocada no gelo sob um pé. Atualmente, os pares executam triplos e quádruplos twists. Quanto mais
rotações da parceira no ar, maior o BV. Twists também é um elemento de alto valor de pontuação de 1-4.
Twizzle: Elemento do Ice Dance, onde ambos patinadores, giram num pé só, lado a lado em sincronismo e alternam os
movimentos agregando dificuldade. Geralmente executam sequeências de dois a três twizzles por programa, alternando
as direções da rotação. Twizzles podem ser executados em solos e pares como transições de sequencia de passos, mas
não contam como elementos individuais. Twizzles no ice dance são pontuados por grau de dificuldade 1-4.
Upright spin (USp): Giro básico de um pé só, onde o torso do patinador fica na posição vertical para cima. A perna
livre, pode ser no ar nas mais diversas posições ou em volta da perna de apoio. Upright spins incluem scratch
spins, Biellmann spins, I-spins, Y-spins, etc.
Fontes: http://www.cbdg.org.br/modalidades/patinacao-artistica/ / https://www.patinandoecantando.com.br/2018/02/glossario-da-patinacao-artistica.html